quinta-feira, 9 de junho de 2011

Carta aberta a população capixaba


CARTA À POPULAÇÃO, AO GOVERNO E AOS MOVIMENTOS ORGANIZADOS CONTRA O FECHAMENTO DAS RUAS DA GRANDE VITÓRIA

 

 

Há uma agitação nas ruas desde o dia 27 de Janeiro que tem se revestido de Movimento Estudantil e que, após o dia 02 de Junho, quando o BME foi utilizado, sem razão, para dispersá-lo, começou a dizer que quer diálogo.

ISSO É MENTIRA, porque:

ü      Nunca enviaram sequer uma carta ao atual governador, antes de irem para as ruas, exigindo que fosse uma audiência ou qualquer coisa. Foram direto para a rua.

ü      Nunca fizeram, antes dos atos, qualquer assembléia, ou reunião em qualquer entidade de representação do Movimento Estudantil para decidir a construção das manifestações. Nem mesmo em suas salas de aula. Foram para a rua e pronto.

ü      Nunca realizaram sequer uma palestra, uma debate, uma mesa redonda, em qualquer escola ou universidade, tampouco num bairro, comunidade ou movimento popular. Nem mesmo articularam com sindicatos ou outros movimentos. Foram para as ruas como representantes do povo e pronto.

ESTÃO DESRESPEITANDO TODA A POPULAÇÃO ESPIRITOSSANTENSE, inclusive o Movimento Estudantil e os Movimentos Populares. Estão querendo usar o episódio da ação desastrosa da polícia para agregar força a um movimento que, no dia do confronto com a polícia, não tinha mais que 30 pessoas que, como dito acima, não representavam qualquer entidade ou debate. Era um grupo sem organização que, por melhores intenções que tivessem, NÃO TINHAM LEGITIMIDADE.

Venho reclamar a responsabilidade dos legítimos representantes sociedade civil organizada, dos Movimentos Populares instituídos, dos Conselhos de direitos, do Movimento Estudantil e suas entidades (CA`s, DCE`s, Grêmios, Uniões) e principalmente do Governo com a defesa da democracia em duas frentes:

ü      Identificar e remover de suas funções aqueles que usaram indevidamente o BME;

ü      Dizer NÃO a qualquer barganha, negociação e diálogo nos termos colocados por esses jovens que escolheram o caminho fácil da ação espontânea e sequitária, dividida, autoreferenciada.

Os movimentos que se mostraram, com razão, revoltados com a ação desastrosa do BME, não podem, sob pena de total irresponsabilidade com a história da luta ORGANIZADA do povo EM SUAS DIVERSAS FRENTES , conferir legitimidade ao processo violento, inconseqüente e isolado que os jovens disparam como ABONO à agressão injusta que eles sofreram.

A disposição de ir para as ruas não pode e não irá morrer, mas NÃO PODEMOS BANALIZAR ESSA IMPORTANTE E EXTREMADA FERRAMENTA DE LUTA, esse último recurso.

Nós, enquanto população, no dia-a-dia, não estamos apenas dando lucro ao comércio ou sendo explorados, como quer o discurso fácil.

Estamos indo naquela consulta marcada, visitar parentes e amigos queridos, fazer terapia e cuidados outros, praticar esportes, namorar, sacar nosso INSS, pegar aquele remédio indispensável, e fazer tantas outras coisas para ser feliz ou para combater a infelicidade.

No presente caso, creio que a população deve dizer um amplo NÃO a ESSE movimento, pelo seu espontaneísmo e falta de construção, e o governo deve sinalizar com a convocação de uma Conferência sobre Mobilidade Urbana, envolvendo todos os setores da sociedade civil organizada para desenvolver um debate democrático e representativo sobre este tema tão importante e caro à sociedade atual, em qualquer metrópole do planeta.

NÃO À VIOLÊNCIA GRATUITA CONTRA O POVO! Seja quem for o agressor...

 

Gustavo Badaró

badaropsi@yahoo.com.br