quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Feliz Ano-Novo



Quero um Ano-Novo em que todas as crianças, ao ligarem a tevê,
recebam um banho de Mozart, Pixinguinha e Noel Rosa; aprendam a
diferença entre impressionistas e expressionistas; vejam espetáculos
que reconstituem a Balaiada, a Confederação do Equador e a Guerra
dos Emboabas; e durmam após fazer suas orações.

Desejo um Ano-Novo em que, no campo, todos tenham seu pedaço de
terra, onde vicejem laranjas e alfaces e voejem bem-te-vis entre
vacas leiteiras. Na cidade, um teto sob o qual reluz o fogão de
panelas cheias, a sala atapetada por remendos coloridos, a foto
colorida do casal exposta em moldura oval sobre o sofá.

Espero um Ano-Novo em que as igrejas abram portas ao silêncio do
coração, o órgão sussurre o cantar dos anjos, a Bíblia seja
repartida como pão. A fé, de mãos dadas com a justiça, faça com que
o céu deixe de concentrar o olhar daqueles aos quais é negada a
felicidade nesta terra.

Um Feliz Ano-Novo com casais ociosos na arte de amar, o lar
recendendo a perfume, os filhos contemplando o rosto apaixonado dos
pais, a família tão entretida no diálogo que nem se dá conta de que
o televisor é um aparelho mudo e cego num canto da sala.

Desejo um Ano-Novo em que os sonhos libertários sejam tão fortes que
os jovens, com o coração a pulsar ideais, não recorram à química das
drogas, não temam o futuro nem se expressem em dialetos
ininteligíveis. Sejam, todos eles, viciados em utopia.

Espero um Ano-Novo em que cada um de nós evite alfinetar rancores
nas dobras do coração e lave as paredes da memória de iras e mágoas;
não aposte corrida com o tempo nem marque a velocidade da vida pelos
batimentos cardíacos.

Um Ano-Novo para saborear a brevidade da existência como se ela
fosse perene, em companhia de ourives de encantos, cujos hábeis
dedos incrustam na rotina dos dias jóias ternas e eternas.

Quero um Ano-Novo em que, a cada um, seja assegurado o direito do
emprego, a honra do salário digno, as condições humanas de trabalho,
as potencialidades da profissão e a alegria da vocação. Um novo ano
capaz de saciar a nossa fome de pão e de beleza.

Rogo por um Ano-Novo em que a polícia seja conhecida pelas vidas que
protege e não pelos assassinatos que comete; os presos reeducados
para a vida social; e que os pobres logrem repor nos olhos da
Justiça a tarja da cegueira que lhe imprime isenção.

Um Ano-Novo sem políticos mentirosos, autoridades arrogantes,
funcionários corruptos, bajuladores de toda espécie. Livre de
arroubos infantis, seja a política a multiplicação dos pães sem
milagres, dever de uns e direito de todos.

Espero um Ano-Novo em que as cidades voltem a ter praças
arborizadas; as praças, bancos acolhedores; os bancos, cidadãos
entregues ao sadio ócio de contemplar a Natureza, ouvir no silêncio
a voz de Deus e festejar com os amigos as minudências da vida – um
leque de memórias, um jogo de cartas, o riso aberto por aquele que
se destaca como o melhor contador de piadas.

Desejo um Ano-Novo em que o líder dos direitos humanos não humilhe a
mulher em casa; a professora de cidadania não atire papel no chão;
as crianças cedam o lugar aos mais velhos; e a distância entre o
público e o privado seja encurtada pela ponte da coerência.

Quero um Ano-Novo de livros saboreados como pipoca, o corpo menos
entupido de gorduras, a mente livre do estresse, o espírito
matriculado num corpo de baile, ao som dos mistérios mais profundos.

Desejo um Ano-Novo em que o governo coloque o país nos eixos, livre
a população do pesado tributo da degradação social, e tome no colo
milhões de crianças precocemente condenadas ao trabalho, sem outra
fantasia senão o medo da morte.

Espero um Ano-Novo cujo principal evento seja a inauguração do Salão
da Pessoa, onde se apresentem alternativas para que nunca mais um
ser humano se sinta ameaçado pela miséria ou privado de pão, paz e
prazer.

Um Ano-Novo em que a competitividade ceda lugar à solidariedade; a
acumulação à partilha; a ambição à meditação; a agressão ao
respeito; a idolatria ao dinheiro ao espírito das Bem-Aventuranças.

Aspiro a um Ano-Novo de pássaros orquestrados pela aurora, rios
desnudados pela transparência das águas, pulmões exultantes de ar
puro e mesa farta de alimentos despoluídos.

Rogo por um Ano-Novo que jamais fique velho, assim como os carvalhos
que nos dão sombra, a filosofia dos gregos, a luz do Sol, a
sabedoria de Jó, o esplendor das montanhas de Minas, a música
gregoriana.

Um ano tão novo que traga a impressão de que tudo renasce: o dia, a
exuberância do mar, a esperança e nossa capacidade de amar. Exceto o
que no passado nos fez menos belos e bons.


Frei Betto




 

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

2011: FELICIDADE E PROSPERIDADE



CARTÃO DE NATAL.jpg


 

 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Boas Festas!!!



Olá,
 
Segue em anexo, uma mensagem especial para você!!!
 
Desejo um Natal de Paz e Luz e que o Ano de 2011 seja de muita Saúde e Sucesso em tudo que fizeres!!!
 
FELICIDADES E PROSPERIDADE!!! 
 
São os meus sinceros votos.
 
Att,
 
Carlos Lopes
Vice-Prefeito de Viana
 


 

 


 

terça-feira, 30 de novembro de 2010

É TEMPO DE COLHER FRUTOS


"O TEMPO POETIZA AS PESSOAS E AS COISAS"

GILBERTO FREYRE

 

A JSB começou pequenina e relativamente despretensiosa. Um grupo de jovens cheios de esperança no olhar integrou o que hoje seria um dos mais organizados movimentos sociais do Espírito Santo. Liderados por um jovem que construiu uma carreira política repleta de competência e respeito, sua história de vida deixou marcas indeléveis no PSB capixaba. Sem dúvida alguma, tal movimento ganhou grandes proporções e os niilistas de plantão "caíram do cavalo" quando perceberam o crescimento de Carlos Lopes. De líder da JSB, passou a Vice-Prefeito de uma cidade histórica como Viana, conquistando ainda mais espaço no cenário político de então. Vários foram os sucessos da JSB liderada por Lopes, principalmente no que se refere ao Projeto Jeton, onde a repercussão do caso causou frizzes durante um bom tempo, haja vista o impacto causado pelo êxito de um grupo de jovens às prevaricações de determinados parlamentares  espíritossantenses. Após longos períodos de resistência e o enfrentamento de pesados obstáculos, acumularam-se vitórias. O Espírito Santo há de reconhecer ainda mais as habilidades e competências da JSB capixaba, longe de ser um grupo de jovens com ideologias extremistas de cunho radical, prevalece-se a serenidade e, principalmente, as estratégias de poder e resistência comedidas. É tempo de colher os frutos das árvores plantadas lá no início e a cada dia regá-las para que se prospere a fartura.

 

Parabéns Carlos, Parabéns JSB!

 

Isaias Alves


 

Carlos Lopes entre os Secretariáveis do PSB no Governo

 

 

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Avanços em tecnologia da madeira: paradigma de sustentabilidade
 
Luiz Fernando Schettino
Professor do Dpto Oceanografia e Ecologia da Universidade Federal do ES.
 

A percepção dos impactos socioambientais pela sociedade brasileira teve notável avanço a partir dos anos 80 do século passado, quando a economia passou a ocupar lugar de destaque entre as nações industrializadas.

Viu-se, então, que o custo socioambiental do modelo não sustentável era muito elevado – desmatamento acentuado de várias regiões; uso inadequado dos solos; ausência de controles eficazes nos níveis de poluição (os EIA/RIMA's se tornaram obrigatórios no Brasil a partir de 1986); e inchaço dos grandes centros urbanos, com o crescimento das favelas, que ocuparam os morros e os mangues das periferias das cidades dos estados mais industrializados do País.

A partir da "Rio 92", porém, começa a existir entendimento do que seja sustentabilidade e da complexidade do processo de transformação da sociedade moderna, que a torna cada vez mais vulnerável aos impactos socioambientais,  exigindo que práticas cotidianas sejam repensadas e novos elementos incluídos, diante da degradação ambiental.

Com isso, questões que não tinham o seu grau de relevância efetivamente percebido passaram a tê-lo, como é o caso do uso de mais  inovações tecnológicas no setor madeireiro.   

A maior eficiência trazida pela tecnologia pode ampliar os usos das madeiras, evitar desperdícios e, com isso, diminuir os desmatamentos e, de modo particular, os impactos negativos sobre algumas espécies mais demandadas, que acabam correndo o risco de extinção.

A adoção de inovações no setor madeireiro do País é de extrema importância, tendo em vista que a atividade florestal no Brasil, além dos reconhecidos aspectos ambientais, tem relevância para a esfera socioeconômica, pelo fato de o País possuir uma das maiores extensões florestais naturais do mundo e uma considerável área de plantios florestais, o que garante ao setor florestal brasileiro lugar de destaque no mercado mundial de madeiras, cuja importância tende a crescer ao longo do tempo, pelas características de solo, clima e  disponibilidade de terras no País aptas à produção de madeira.

Um dos maiores desafios nesse cenário é a conservação das florestas nativas,  de forma a evitar o desmatamento irracional, visando atender às demandas por madeiras de forma certificada, via manejo florestal sustentável nas florestas naturais e/ou por meio de plantios florestais, legalmente possíveis.

Outro aspecto importante nesse contexto é levar em conta que, no mercado madeireiro, a globalização da economia também levou ao acirramento da concorrência. Com isso, a "sobrevivência" passou a ser o objetivo maior de muitas empresas, muitas vezes em detrimento da qualidade e durabilidade dos produtos e das enormes perdas de matéria-prima pela não aplicação das melhores tecnologias.  

Permanecer no mercado a qualquer custo parece ainda ser a meta de muitos empreendedores da área florestal madeireira, em detrimento do que se perde nos aspectos socioambientais e mesmo econômicos em longo prazo, em vez de criarem condições de sustentabilidade e de fazerem evoluir tecnologicamente seus processos produtivos, possivelmente, por não terem uma visão adequada dos retornos que podem ter com investimentos em "tecnologias verdes", que quase sempre levam a menores custos, mais competitividade e, consequentemente, maiores lucros.

Inclusive pelas razões citadas é que extração, comercialização e industrialização da madeira, historicamente no País, têm mantido o ritmo predatório de suas ações e migrando sempre em busca de novas fronteiras madeireiras.

Esse processo precisa ser devidamente discutido pelas instituições que buscam construir um modelo sustentável e inteligente de desenvolvimento, o que certamente promoveria mudanças nas políticas ambiental e florestal exigidas pela sociedade, visando à reversão desse processo cultural, para que promova a sustentabilidade no setor madeireiro, e os ecossistemas sejam conservados onde estejam sendo extraídas as madeiras a serem industrializadas para a sociedade.

Discutir e viabilizar formas de avançar o uso de tecnologias para a industrialização da madeira significa criar condições para que as demandas madeireiras sejam atendidas, os desmatamentos se reduzam e a geração de empregos e renda cresça no setor florestal brasileiro.

Dessa forma, teríamos uma ilustração de como superar um grande e histórico desafio na matéria em questão: sair do discurso ambientalista puro para uma prática sustentável cotidiana da sociedade em suas necessárias atividades socioeconômicas, a se compatibilizarem com qualidade de vida e proteção dos ecossistemas – um novo paradigma, então, se consolidará: o da sustentabilidade com aproveitamento inteligente dos recursos naturais.


 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Uma nova força à esquerda



Uma nova força à esquerda

Rodrigo Martins 8 de novembro de 2010 às 15:24h

Com seis governadores, entre eles Renato Casagrande (foto), o PSB será influente no governo de Dilma Rousseff. Por Rodrigo Martins. Foto: Bianca Pimenta/Folhapress

 
 
Com seis governadores eleitos, o PSB emerge nestas eleições como nova força. O partido sai da disputa com o segundo maior número de governos estaduais, ao lado do PMDB e atrás apenas do PSDB- (com sete). No Senado, elegeu três parlamentares, um a mais do que a composição atual. É a legenda que mais cresceu proporcionalmente na Câmara (26%), aumentou a sua bancada de 27 para 34 deputados. Em expansão, a sigla ameaça o poder de partidos como o DEM, que chegou a ter cem representantes em 1998 (com o nome PFL) e, agora, elegeu 43 deputados.
Ainda é, no Congresso, um partido médio, com a sétima maior bancada. Mas com o peso dos governos estaduais deve tornar-se cada vez mais relevante nas articulações políticas, um cenário bem diferente de oito anos atrás, quando lutava para sobreviver à extinta cláusula de barreira, que exigia das legendas ao menos 5% dos votos para garantir representação na Câmara. Para analistas, o ex-partido nanico tem chances, inclusive, de participar de um projeto de poder alternativo ao PT em 2014. Futurologia vazia? A proximidade entre os governadores Cid Gomes e Eduardo Campos, do PSB, com o senador tucano Aécio Neves parece indicar que não.
Na avaliação do senador Renato Casagrande, governador eleito pelo Espírito Santo com 82,3% dos votos, o êxito do partido deve-se a dois fatores. Primeiro, à aliança nacional em torno da candidatura de Dilma Rousseff, que permitiu ao PSB fechar pactos importantes nos estados. Segundo, à boa avaliação dos governos de Cid Gomes, reeleito no Ceará com 62,3% dos votos, e Eduardo Campos, que ficará mais quatro anos à frente de Pernambuco, após obter a votação recorde de 82,8%.
"Estas eleições mostraram que o PSB não tem medo de governar e mostrar resultados", afirma Casagrande. "Qualquer partido, para crescer, precisa consolidar seu nome nacionalmente e garantir uma boa representação na Câmara. Entendo, no entanto, que fizemos uma boa escolha ao deixar de lançar um nome na corrida presidencial e garantir apoio nos estados."
Trata-se de uma aposta bem diferente da feita pelo PSB em 2002, quando lançou a candidatura do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, à Presidência da República, em vez de participar da coligação que elegeu Lula. O partido havia aberto as portas a Garotinho dois anos antes, quando o político abandonou o PDT após entrar em choque com Leonel Brizola. O novo quadro ficou em terceiro lugar na corrida presidencial. Ajudou a eleger a mulher, Rosinha Garotinho, ao governo do Rio, e o PSB a superar a cláusula de barreira com a eleição de 22 deputados. No ano seguinte, trocaria o PSB pelo PMDB, levando consigo 12 parlamentares.
Desde o início, importantes nomes do partido mostraram-se refratários ao ingresso de Garotinho no PSB. "De fato, ele não tinha o menor vínculo de identidade com o partido. O PSB perdeu a chance de se aliar à candidatura Lula já no primeiro turno. Se o fizesse, talvez o presidente não precisasse de um leque de alianças tão largo e hetereogêneo, que veio, no futuro, a lhe causar problemas e que impediu o Brasil de avançar mais", avalia a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP).
Um dos principais ideólogos do partido, Roberto Amaral, vice-presidente do PSB e ministro de Ciência e Tecnologia no -primeiro mandato de Lula, avalia que o episódio não deixou marcas negativas. "O PSB não apoiou Sarney, Collor, Itamar Franco nem FHC. Mesmo quando lançamos a candidatura Garotinho, apoiamos Lula no segundo turno. Nossos ideiais continuam os mesmos", afirma. De acordo com ele, um dos principais desafios do partido, agora, é garantir uma maior inserção do partido no Sudeste. "Somos muito fortes no Nordeste. As reeleições de Cid Gomes e Eduardo Campos comprovam isso. A expressiva votação de Casagrande no Espírito Santo nos dá um alento, mas a verdade é que ainda não tivemos êxito no que chamo de 'Triângulo das Bermudas', isto é, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro."
Amaral insiste que o PSB deve caminhar na articulação de um bloco de esquerda na Câmara, capaz de dar apoio, mas também pautar as políticas públicas. "Se apoiamos Lula e Dilma, é porque vimos pontos de convergência. Só que o PSB também tem um projeto." Quanto às especulações em torno de uma possível aproximação com Aécio, mostra-se reticente. "Você fala em nomes, Cid Gomes, Eduardo Campos… Eu falo em partido. Além disso, não vejo tanta diferença entre Aécio e Serra. Não vejo essa 'oposição progressista' ou menos raivosa de que tanto falam."
De acordo com o cientista político Leo-nardo Avritzer, pós-doutor pelo Massachusetts Institute Of Technology (MIT, dos Estados Unidos) e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a aposta numa nova oposição capitaneada por Aécio e líderes do PSB é bastante factível. "Se o PSDB aprender a lição das urnas, o centro do partido deverá se deslocar de São Paulo para Minas. E, dada a proximidade de Aécio com Eduardo Campos e Ciro Gomes – por tabela com o irmão Cid Gomes –, não é delírio imaginar que desse grupo surja o adversário do PT em 2014."
Cid Gomes diz ser muito cedo especular,- mas demonstra claros sinais de sintonia com Aécio. "Tenho certeza de que nascerá um novo PSDB, sob a liderança de Aécio Neves, que poderá contribuir para a formação de um pacto de desenvolvimento para o País. Acredito, inclusive, que a Dilma pode, num gesto de benevolência, garantir que a presidência do Senado fique nas mãos de Aécio. Seria uma excelente chance para viabilizar um projeto suprapartidário de desenvolvimento", afirma.
Quanto à possibilidade de um novo partido com vistas a 2014, o governador mostra-se descrente. "A atual legislação reserva pouco tempo na tevê às novas legendas", pondera. Cid Gomes ainda reclama da pouca interlocução do governo federal com os governadores. "A verdade é que o PT não priorizou o diálogo com os governadores. Espero que isso mude. Os governadores aliados podem ajudar a mobilizar a base governista no Congresso."

Rodrigo Martins

Rodrigo Martins é repórter da revista CartaCapital há quatro anos. Trabalhou como editor assistente do portal UOL e já escreveu para as revistas Foco Economia e Negócios, Sustenta!,Ensino Superior e Revista da Cultura, entre outras publicações. Em 2008 foi um dos vencedores do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.











 

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Análise: A força de Dilma

A força de Dilma é sua fraqueza e sua fraqueza é o ponto forte

Por Luciano Suassuna

 

A primeira presidenta do Brasil não fala direta e permanentemente com o Congresso e a elite, como Fernando Henrique Cardoso. Nem fala direta e permanentemente com os movimentos sociais e os cidadãos, como Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma Rousseff chega ao principal cargo da nação sem experiência eleitoral anterior, insuflada pela popularidade do seu maior cabo eleitoral, o presidente da República, e pelo governo mais bem avaliado desde a redemocratização. Mas o que as análises apressadas classificam de dependência e tibieza na realidade camufla uma situação de força da presidenta eleita.

Se o resultado das urnas não tiver sido suficiente para desfazer a enganosa imagem de que Dilma era uma marionete de Lula, não custa lembrar sua trajetória no governo. Primeiro, pegou o Ministério das Minas e Energia ainda assombrado com o apagão do governo FHC. Refez a política energética, foi amplamente contestada, mas o fato é que desde então o Brasil cresceu sem temor de racionamento. Depois, no meio da maior crise da era Lula, o Mensalão, foi escalada para substituir aquele que era tido como todo-poderoso, o deputado José Dirceu. De lá, geriu o principal programa de Lula, o PAC, com seus projetos cheios de arestas a arredondar, dentro e fora do governo: licitações de alto valor, licenças ambientais complexas, concessões em áreas sensíveis, pressão de governadores e parlamentares aliados, interesses estaduais divergentes, rivalidades empresariais.

Quem ainda acreditava nas lendas da imaturidade e inexperiência política deve ter se assustado com a agressividade e os argumentos com que Dilma se apresentou nos debates do segundo turno. Ninguém abre 12 pontos percentuais de vantagem sobre uma biografia como a de José Serra apenas pela herança do lulismo. Dilma fez a parte dela.

Mas sua vitória é fruto, sobretudo, do processo de institucionalização do País. Trata-se de algo menos afeito às manchetes justamente porque é mais distante do personalismo, do populismo, do partidarismo e do passionalismo comuns às campanhas eleitorais. Essa institucionalização é o emaranhado de apoios políticos, de ritos legais e de técnicas de comunicação que moldam as candidaturas e, depois da apuração, impõe limites aos governos. E, nesse ponto, a presidenta eleita jogou melhor que Serra.

Com Dilma, pela primeira vez o PMDB fez uma coalizão, dividindo a chapa, compondo candidaturas estaduais, repartindo tarefas e compromissos. Essa base atraiu mais partidos que a junção PSDB-DEM, o que lhe deu mais tempo de tevê e maiores palanques regionais. Se foi importante antes, ela será vital daqui para a frente. Com dois terços do Congresso, Dilma terá a base política que nenhum presidente, nem mesmo Lula, teve depois do fim do regime militar. E, por temperamento ou prática, deverá ter, com deputados e senadores, uma relação menos pessoal que a de FHC e menos tensa que a de Lula. Sem a interlocução direta com o povo e os movimentos sociais, Dilma é mais dependente do Parlamento que Lula. Sem o traquejo parlamentar de Fernando Henrique, ela precisará de intermediários para o serviço. Isso está longe de ser ruim: preserva a presidenta para os momentos decisivos, distancia a Presidência do jogo miúdo do Legislativo e deve obrigar os partidos a ter compromissos duradouros e maiorias programáticas.

Da mesma forma, o novo governo precisará de interlocutores que estabeleçam uma relação institucional em vários outros pontos sensíveis: sistema financeiro, Igreja, MST, representações empresariais, organizações sindicais. Na área externa é razoável esperar uma diminuição da chamada diplomacia presidencial, tão ao gosto de FHC e Lula, em favor de um espaço nacional, no qual os interesses dos outros países pelo Brasil e as ambições do nosso país no mundo falem mais forte que a capacidade de sedução do presidente da República. Essa necessidade de atuar de forma institucional, com interlocutores gabaritados em cada área, não deve ser entendida como fraqueza. É nessa escolha que a presidenta terá a oportunidade de mostrar o tamanho real de um governo mais técnico, num país mais relevante. É um desafio novo a que os brasileiros ainda estão se acostumando. Americanos e europeus praticam esse jogo institucional há mais tempo (não custa lembrar, por exemplo, que graças a isso um coadjuvante ator de Hollywood foi o responsável pelo fim da Guerra Fria). Assim, Dilma pode parecer fraca porque é mais institucional que seus antecessores, mas é justamente no apoio institucional que reside a força de seu governo. Esse trabalho começa oficialmente hoje e é pelo seu bom êxito que a presidenta será avaliada.


 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Marina critica José Serra






Marina resume situação de Serra: 'Vai perder perdendo'
Por Redação, do Rio de Janeiro
Imagem (metarquivo)
Candidata do Partido Verde à Presidência da República, Marina Silva bateu pesado no adversário José Serra (PSDB), na madrugada desta sexta-feira, ao afirmar que ele desconstruiu a própria imagem na campanha e vai "perder perdendo". Ela afirmou que Serra não preparou um programa de governo, subestimou Dilma Rousseff (PT) e se comportou "como se ele fosse falar e o mundo fosse estremecer".
– Ele vai perder perdendo, o Serra. Ele tinha toda essa imagem de uma pessoa que prima pela gestão pública, pela eficiência, e descambou para o caminho do vale-tudo eleitoral – disse Marina, na saída dos estúdios da TV Globo em Jacarepaguá, no Rio.
A senadora avaliou que Serra iniciou mal a campanha e, quando começou a cair nas pesquisas, apelou ao "promessômetro".
– Ele não tem programa, subestimou a Dilma, se preparou para ficar fazendo só o embate como se ele fosse falar e o mundo fosse estremecer. Quando não deu certo, começou a fazer um festival de promessas – afirmou.
Marina também criticou as contradições entre a imagem construída por Serra e propostas de criar  novos ministérios e duplicar o Bolsa Família.
– Criticava o inchaço da máquina pública e sai da campanha prometendo dois ministérios, isenção de impostos para tudo quanto é lado… eu não sei como é que isso se realiza. Então vai perder perdendo – prevê.

 


 

 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

"Cansei...Basta!"




 

 "Cansei...Basta"!  Vou votar no Serra...
> 
> Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato
> demais. O salário dos pobres aumentou e qualquer um agora se mete a comprar
> carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte.
> 
> Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum,
> a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia.
> 
> Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus
> celulares.
> 
> O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa
> de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel,
> agora navega...
> 
> Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro a juro baixo,
> todo mundo tem carro, até a minha empregada. " É uma vergonha! ", como dizia
> o Boris Casoy. Com o Serra os congestionamentos vão acabar porque, como em
> S.Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35km
> e cobrar caro.
> 
> Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode botar uma confecção. Tem
> até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo da Oscar Freire,
> agora, se vende até no camelô da 25 de Março e no Braz.
> 
> Vergonha, vergonha, vergonha...
> 
> Cansei de ir a banco e ver aquela fila de idosos no Caixa Preferencial,
> todos trabalhando de office-boys.
> 
> Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu
> sítio agora virou "empreendedor" no Nordeste. Pode?
> 
> Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia
> ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo,
> SBT, Band, RedeTV, CNT, Fôlha SP, Estadão, etc.). A coitada da "Veja"
> passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o
> fim do mundo.
> 
> Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na
> universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito...
> Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa
> raça.
> 
> Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV
> até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura do
> Brasil? Diga aí, seu Lula...
> 
> Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria.
> E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles? 
> 
> Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem
> MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar
> férias no Exterior. É o fim...
> 
> Vou votar no Serra. Cansei, vou votar no Serra, porque quero de volta as
> emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e
> aproveitar a inflação. Investir em ações de Estatais quase de graça e vender
> com altos lucros. Chega dessa baboseira politicamente correta, dessa
> hipocrisia de cooperação. O motor da vida é a disputa, o risco... Quem pode,
> pode, quem não pode, se sacode. Tenho culpa se meu pai era mais esperto que
> os outros para ganhar dinheiro comprando ações de Estatais quase de graça?
> 
> Eles que vão trabalhar, vagabundos, porque no capitalismo vence quem tem
> mais competência. É o único jeito de organizar a sociedade, de mostrar quem
> é superior e quem é inferior.
> 
> Quero os 500 anos de oligarquia autoritária, corrupta e escravizante de
> volta. Quero também os Arminios Fragas&outros pulhas, que transformaram a
> Vale e a Embratel em meros ativos para vender a preço de banana para os
> "amigos do rei". Quero de volta a quadrilha do FHC, escondendo escândalos,
> maracutaias e compra de votos no Congresso. 
> 
> Onde já se viu: nesta terra sem lei chamada Brasil, só a direita corrupta
> tem o direito de roubar! O resto tem que trabalhar duro, com salário de fome
> para que os tubarões, empresários e banqueiros, comprem seus jatinhos e
> iates além de mandarem dinheiro para paraísos fiscais. Quero o
> Serra&quadrilha fazendo pelo país o que fez com os funcionários públicos,
> professores, médicos e policiais do estado de São Paulo passarem 14 anos a
> míngua. Tem que arrebentar essa pobralhada.
> 
> Eu ia anular, mas cansei. Basta! Vou votar no Serra. Quero ver essa gentalha
> no lugar que lhe é devido. Quero minha felicidade de volta!
> 
> (Autor desconhecido)
> 






 

 

sábado, 9 de outubro de 2010

Carta aberta a Marina Silva



Carta Aberta a Marina Silva
 
Marina, você se píntou?
por  Maurício Abdalla

"Marina, morena Marina, você se pintou" – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o "grito da Terra e o grito dos pobres", como diz Leonardo.

Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?

Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as "famiglias" que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.

Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas "os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz". Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.

Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. "Azul tucano". Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.

Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a "vitória da Marina". Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.-

"Marina, você faça tudo, mas faça o favor": não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você "tanto faz". Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem "esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele".

Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. "Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu".

Maurício Abdalla
 Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (clique para ler comentário), dentre outros.






 

 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Casagrande assina Pacto pela Juventude e firma compromisso em valorizar políticas para jovens

Casagrande assina Pacto pela Juventude e firma compromisso em valorizar políticas para jovens

 
Membros do movimento estudantil de vários partidos estiveram reunidos na noite desta quarta-feira (22) com o Renato Casagrande, candidato ao Governo, para a assinatura do Pacto pela Juventude – documento que traça diretrizes para as políticas voltadas para os jovens brasileiros. Durante o evento, realizado em Vitória, Casagrande ressaltou que os jovens precisam de atenção especial por parte do poder público e que por isso quer fortalecer o Conselho Estadual da Juventude. 

"Se é a juventude que mais morre, que mais mata, que mais sofre as conseqüências da violência e da falta de oportunidade, de atendimento na saúde e na educação, temos que criar políticas públicas para os jovens. Por isso teremos o Conselho Estadual da Juventude e o seu fortalecimento. Queremos que um grupo de jovens capacitados ajude o Governo a elaborar esses planos", enfatizou.

Bastante aplaudido pelos presentes, Casagrande afirmou que, se for eleito, quer governar com o apoio dos jovens para tratar das principais questões dessa faixa etária da sociedade. O candidato destacou ainda alguns problemas enfrentados pela juventude.

 "Em conseqüência do elevado grau de urbanização alcançado pela sociedade brasileira os jovens estão à parte na discussão de um processo natural de desenvolvimento, valendo destacar pelo menos três deles: o baixo estímulo que as escolas atuais apresentam para os jovens permanecer nelas; as dificuldades de ingresso no mercado de trabalho e a atração exercida pelo mundo da criminalidade que já contabiliza uma parcela significativa de jovens em conflito com a lei", afirmou o candidato. 


As diretrizes do documento ainda levantam bandeiras de ações para o desenvolvimento juvenil e destacam o papel de gestores e legisladores na implementação de políticas e na estratégia de desenvolvimento nacional. 

"Se investirmos em educação de qualidade grande parte dos problemas estarão resolvidos. Nossos jovens precisam estar ocupados para que não os percamos para a criminalidade. Por isso, um grande esforço será realizado junto aos governos federal e municipais, com vista a ampliar a oferta de vagas no ensino médio e, principalmente, no ensino profissional médio e universitário. Em paralelo vamos tornar a escola mais atraente, seja revisando currículos, seja desenvolvendo novas práticas pedagógicas ou, ainda, ofertando atividades esportivas e culturais", finalizou o candidato.

O que diz o plano:

No campo da educação as metas vão desde a erradicação do analfabetismo até a expansão da universidade pública e do sistema público de educação profissional. A agenda de trabalho decente merece um ponto específico onde o combate a precarização do trabalho juvenil aparece como tema central.

 

terça-feira, 21 de setembro de 2010

PACTO PELA JUVENTUDE

Conheça mais sobre o Pacto pela Juventude:
 
 

 

 

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

ENCONTRO COM CASAGRANDE: SER JOVEM É ACREDITAR NO FUTURO





 

TODOS CONTRA A HIPOCRISIA


TODOS CONTRA A HIPOCRISIA

 Bruno Alves de Souza Toledo*

 

Difícil mesmo esse nosso tempo. Quando uma sociedade mergulhada na tragédia da violência urbana – que tem vitimado cerca de 50 mil brasileiros por ano, na sua maioria jovens negros da periferia das grandes cidades – aplaude certos candidatos que se orgulham em esbravejar, em sua auto-condição de heróis da pátria, a redução da idade penal para 14 anos como solução mágica para a questão, é um dos sinais de que de fato vivemos em tempos tenebrosos.

Estamos em uma era da superficialidade instrumental, na qual não queremos, ou não podemos, nos aprofundar em tema algum. Vivemos da e na aparência das questões. Tomar consciência da realidade tem se tornado um exercício perigoso na sociedade brasileira e, por isso, vivemos alienados de tudo o que nos circunda. Presos ao que "parece ser" e não ao que "de fato é", temos sido ludibriados pelo bom discurso, pela boa imagem, pelas ditas boas intenções, e com isso alimentamos o ciclo vicioso que aprisiona historicamente o Brasil neste lugar do faz de conta.         

Não obstante a conquista da Constituição Cidadã, é preciso reconhecer que a concretização plena da democracia é algo ainda por vir entre nós. Cada vez mais, escolhemos os candidatos pela aparência dos programas eleitorais hollywoodianos. Votamos no discurso pré-fabricado com bases em pesquisas qualitativas a fim de dizer o que o povo quer escutar. Elegemos, dessa forma, máscaras criadas para aqueles que brincarão o grande baile de carnaval que virou a política brasileira, lamentavelmente.

Nesse sentido, é indignante ver que uma das questões centrais do atual momento, qual seja a violência, tem encontrado respostas puramente superficiais em muitos candidatos, e o pior, com ampla aceitação popular. São falas fáceis, descompromissadas e sem qualquer fundamentação sócio-histórica ou mesmo jurídica. Defender a redução da maioridade penal, por exemplo, é ficar na superfície do problema e, irresponsavelmente, jogar para a platéia. Achar que a causa da violência no Brasil é o fato da maioridade está fixada em 18 anos, ignorando o quadro dos adolescentes em medidas socioeducativas e do próprio sistema prisional, é atestar o total desconhecimento da complexidade do fenômeno social, fruto de uma leitura equivocada, conservadora e oportunista da realidade.

O estranho é que os mesmos que levantam orgulhosamente a bandeira da redução da maioridade penal e que se colocam, portanto, em claro ataque aos direitos das crianças e dos adolescentes, são os mesmos que, incoerentemente, se apresentam à sociedade como arautos da proteção das crianças e dos adolescentes vítimas de violência sexual. Ora, por que então se opta deliberadamente pela defesa de algumas e não de todas as crianças? A resposta parecer repousar mais nos dividendos políticos que certa escolha renderá do que em qualquer compromisso real com a causa infanto-juvenil.

O grande desafio desse momento passa, pois, pela busca da essência das questões e isso significa desmascarar projetos políticos marcados pela incoerência entre aquilo que se diz e aquilo que verdadeiramente é. Adotar posições críticas capazes de ultrapassar o senso comum, que legitima mentiras transformadas em verdades por excelentes estratégias de marketing político, é uma tarefa urgente. O futuro da nossa democracia exige necessariamente a consciência política do nosso povo, a cidadania ativa de nossa gente e o repúdio veemente ao fisiologismo, oportunismo e à hipocrisia política.    

 

Advogado, Mestre em Política Social pela UFES, Presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos do Espírito Santo. 



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terça-feira, 3 de agosto de 2010

07 DE AGOSTO DIA NACIONAL DA MOBILIZAÇÃO DA JUVENTUDE COM DILMA





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7 de Agosto é o Dia Nacional de Mobilização da Juventude com Dilma

Vamos agitar todo o país com atos, caminhadas, panfletagens e bandeiraços. O ES é um dos únicos estados onde a Dilma ainda está atrás do Serra nas pesquisas. 
Temos que virar esse quadro e provar a força da Onda Vermelha!

Não esqueça de chamar a galera! Eleger Dilma Presidente é compromisso da juventude que quer continuar transformando o Brasil.

caminhada.jpg
 
 
 

 

 

 

 

sábado, 31 de julho de 2010

Aborto: ONGs pró-legalização criticam os candidatos




Aborto: ONGs pró-legalização criticam os candidatos

http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/images/estrelinha.gifEntidades  acusam presidenciáveis  de 'fugir' do tema

http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/images/estrelinha.gifDeclaram que Serra,  Dilma  e  Marina 'lavam as mãos'

 

Agência Senado/Divulgação
 

Tratado pelos principais candidatos à Presidência a golpes de desconversa, o aborto frequenta a cena eleitoral de 2010 como tema marginal.

 

As organizações que defendem a legalização do aborto no Brasil decidiram reagir. Divulgaram uma "carta aberta".

 

Eis o título: "Sobre o direito ao aborto no Brasil". O documento é endossado por 67 organizações –ONGs, fóruns, redes e grupos de pesquisa.

 

Estão articuladas num movimento chamado "Jornadas pelo Direito ao Aborto Legal e Seguro". Veja os nomes das principais entidades lá no rodapé.

 

A carta menciona os nomes dos três principais candidatos ao Planalto: José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV).

 

O texto os qualifica: "Nenhum deles é considerado um candidato ou candidata de ideias retrógradas, de direita, ou atrasado..."

 

"...Todos os três representam siglas que, distantes do poder, atuaram ativamente na defesa dos direitos humanos, das minorias e das questões de gênero".

 

Em seguida, a carta, por assim dizer, desqualifica a trinca: "Nenhum dos três ousa enfrentar o tema aborto quando confrontado, diante de um microfone ou gravador".

 

Anota que, inquiridos sobre a matéria, os candidatos "tentam sair pela tangente ou negar seu próprio passado".

 

Um passado em que se mostravam a favor do "atendimento humanitário e digno das mulheres que precisaram recorrer a um aborto".

 

Ocorrem no Brasil, anualmente, algo como 750 mil abortos em condições inseguras. No texto da carta, as entidades realçam uma das consequências do flagelo.

 

Anotam que os abortos clandestinos guindaram a curetagem à condição de "procedimento mais realizado pelo SUS".

 

Foram "3,1 milhões de internações" na rede hospitalar pública num período de 12 anos –de 1995 a 2007.

 

Daí a "inquietude" das entidades signatárias da carta. Repudiam o fato de os candidatos permitirem que "líderes religiosos dêem o tom do debate sobre a legalidade do aborto".

 

Recordam que, no Brasil, o Estado é "democrático e laico". Acham que não cabe às igrejas capitanear a discussão.

 

Atribuem a tarefa às autoridades –as que estão "no poder" e as que se encontram "em disputa pelo poder".

 

E lamentam: "Fogem da responsabilidade para a qual foram eleitas (ou tentam ser eleitas) pelo voto..."

 

"...Lavam as mãos diante da realidade do país, aferida em sucessivas pesquisas e retratada de maneira perversa, até mesmo em telenovela global..."

 

"...Jogam para debaixo do tapete a dramática estatística do aborto e todas as suas mazelas no país".

 

Nos primeiros parágrafos, o documento empilha algumas das "mazelas". Por exemplo: mortes de mulheres após abortos clandestinos...

 

...Hemorragias e infecções causadas pelo uso de agulhas, mulheres que recorrem a receitas caseiras e venenos...

 

...E a "indústria que faz prosperar as clínicas de aborto clandestino, que enriquecem à custa da vergonha, do drama e, muitas vezes, da morte de mulheres".

 

- Serviço: Aqui, a íntegra da carta aberta das entidades pró-legalização do aborto.

 

- Em tempo: Entre as signatárias do texto, reunidas no movimento Jornadas pelo Direito ao Aborto Legal e Seguro, estão as seguintes ONGs: Católicas pelo Direito de Decidir, CFemea, Comissão de Cidadania e Reprodução, Grupo Curumim, Ipas, Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Sexuais Reprodutivos e União de Mulheres Brasileiras.

 

 

 

 


 

terça-feira, 6 de julho de 2010

Campanha PEC da Juventude

PEC da Juventude é prioridade no Senado. A campanha continua!

por Catherine Fátima Alves última modificação 01/07/2010 12:46
O Conselho Nacional de Juventude, por meio da Comissão de Parlamento, realizou uma blitz na manhã desta quarta-feira (30/6) no Senado Federal em busca de apoio para a votação da PEC da Juventude. A expectativa é de que a PEC seja votada na próxima semana, entre os dias 6 e 7 de julho e, segundo os conselheiros que estiveram na Casa, os senadores foram bastante receptivos à visita.
Para a coordenadora da Comissão de Parlamento, Marcela Rodrigues, essa recepção positiva significou um reconhecimento à atuação do Conjuve, que já esteve outras vezes na Casa para defender a proposta, que tem um papel fundamental na consolidação da política de juventude como uma política de Estado. Os conselheiros receberam mais apoio de senadores, a exemplo de Paulo Paim, Renan Calheiros, Pedro Simon, João Vicente Claudino e Cristovam Buarque, e conversaram com a liderança do governo, do PT e do PSDB.
O Conjuve também foi recebido pelo ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que confirmou a intenção do governo em votar a PEC, de forma prioritária. Segundo Murilo Amatneeks, coordenador da Comissão de Parlamento, tanto o ministro como os senadores garantiram que o tema é tranqüilo, sem polêmicas e tem tudo para ser votado.
Mas a luta continua e o Conjuve convoca todos os conselheiros a se engajaram nessa mobilização em favor da PEC da Juventude, sobretudo nesse momento, que se mostra favorável, já que os senadores do governo e da oposição confirmaram que farão um esforço concentrado para votação de várias pautas na próxima semana, incluindo a PEC, que poderá entrar na agenda como prioridade.
Portanto, é hora de reforçar a mobilização para alcançar o quorum de 2/3 dos senadores e garantir que a PEC entre na pauta e seja votada. Para isso, o Conjuve sugere cada apoiador da PEC tome duas iniciativas: a primeira consiste enviar mensagens para Senadores do seu Estado (por e-mail e twitter) solicitando que estejam em Brasília nos dias 6 e 7 de julho para votar a PEC da Juventude. A segunda prevê a ampla divulgação de matérias solicitando a aprovação da proposta em sites, blogs e demais redes sociais.
Com essas duas ações, todos poderão contribuir para a conquista desse desafio, que representará uma importante vitória para toda a juventude brasileira.

PEC e Plano Nacional de Juventude: o legado de uma geração

Semana que vem, entre 6 e 7 de julho, o Senado deverá votar a Proposta de Emenda Constitucional da Juventude, que contribuirá decisivamente para o desenvolvimento do país e
para a melhoria da qualidade de vida de 50 milhões de brasileiros e brasileiras situados na faixa etária de 15 a 29 anos.
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC42/2008) insere no capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais da Constituição Federal, o termo juventude. Ao reconhecer
esta parcela da população como segmento prioritário para a elaboração de políticas públicas, como já fora feito com idosos, crianças e adolescentes, avançaremos no sentido de superarmos o binômio juventude-problema para um patamar onde a juventude seja compreendida como um grupo de sujeitos detentores de direitos.

O texto da PEC da Juventude, como ficou conhecida, indica ainda necessidade de aprovação de uma segunda matéria, um Projeto de Lei (PL) estabelecendo o Plano Nacional de Juventude. Tal Plano aponta uma série de metas que deverão ser cumpridas pela União, em parceria com estados, municípios e organizações juvenis nos próximos 10 anos. Formado por diversas ações articuladas nas áreas de cultura, saúde, esporte, cidadania, trabalho,
inclusão digital, educação, etc.

O PL 4530/2004, que trata do Plano Nacional de Juventude, já foi aprovado por uma comissão especial na Câmara dos Deputados e aguarda apenas a votação em plenário. Como o relatório foi aprovado em dezembro 2006, o Conselho Nacional de Juventude Conjuve, está propondo sua atualização e votação ainda este ano. Para tanto
necessitaremos de um esforço concentrado de parlamentares, governo federal, lideranças dos movimentos juvenis e da sociedade civil, visando à negociação de uma nova versão.

O que para muitos pode parecer uma questão organizativa e sem resultado no curtíssimo prazo, na verdade representa uma visão estratégica sem precedentes sobre este importante segmento populacional, por vezes tratado numa perspectiva de futuro, mas nunca construído como uma realidade do presente ou até mesmo encarado de maneira imediatista e reativa aos problemas da juventude.

A cristalização deste tema em nossa Carta Magna, a atualização e aprovação de um Plano Nacional, estabelecendo metas para as Políticas Públicas de Juventude nos próximos 10 anos, são a melhor expressão da luta desta geração por mais direitos e, em última instância, pela efetiva democratização do Estado.

O mais importante, porém, é que para a concretização desta vitória, o caminho escolhido não ficou restrito à articulação em gabinetes governamentais e parlamentares, sempre muito receptivos, diga-se de passagem. Todas as vezes que estes foram procurados, foi sempre em nome de uma ampla mobilização social dos próprios movimentos juvenis e com forte envolvimento dos mais diversos setores da sociedade civil organizada. Basta constatar os
resultados da 1ª Conferência Nacional de Juventude, realizada em 2008, envolvendo mais de 400 mil participantes, e que indicou a necessidade da PEC e do Plano Nacional de Juventude entre suas mais fortes prioridades.

Estamos no último ano do governo Lula, que teve como mérito o ineditismo na criação de uma Política Nacional de Juventude. Não devemos, porém, nos contentar com
este avanço e muito menos deixar que esta iniciativa fique circunscrita ao período de um governo, sem garantias de continuidade após 2010. Por isso é que precisamos extrapolar os limites da luta entre governo e oposição e colocar este tema na agenda do projeto
de país que queremos, podemos e estamos construindo como legado a esta e às próximas
gerações. É chegado o momento de alçar definitivamente a política de juventude à condição de política de Estado. O Brasil precisa, a juventude quer.

Danilo Moreira
Presidente do Conselho Nacional de Juventude - Conjuve