segunda-feira, 17 de maio de 2010

Caminho do meio

Caminho do meio


Renata Oliveira

O discurso de Renato Casagrande (PSB) para esta eleição começa a ser percebido. Ainda está em fase de formatação, mas pode se dizer que é uma coisa nem sim, nem não, muito pelo contrário. Um discurso que não se opõe a ninguém, mas que também não se submete. Um caminho de consenso.

Ao mesmo tempo em que destaca os avanços dos últimos oito anos do governo Paulo Hartung, fala da necessidade de se avançar nas áreas sociais. Ao mesmo tempo em que fala de uma gestão democrática com a participação dos aliados, remonta o velho discurso de que "não podemos deixar que o retrocesso..."


Ainda assim há uma diferença. No caso do governador Paulo Hartung, este temido retrocesso não tinha nomes, rostos, identidade. No caso de Casagrande, há pelo menos uma direção. Ele fala do fortalecimento da Assembleia Legislativa, já que em um passado recente a Casa facilitou a sobrevivência de uma política clientelista e fisiológica, contribuindo inclusive para o desgaste da imagem institucional com atos de corrupção.


O senador destaca a importância do apoio para formar uma chapa forte. Discute sobre a divisão dos cargos dentro da chapa, mas não abre mão de seu projeto próprio ao governo. Fala sobre segurança, saúde, educação como prioridades e deixa claro que o momento é outro e a configuração política também deve ser.


Mas a imagem de Casagrande sentado ao centro de uma enorme mesa com aliados de sete partidos dá uma impressão de que um novo modelo de discussão política está sendo implantado. Ao ser avisado das diretrizes do programa de governo, Renato deixou claro que as propostas discutidas até ali pelo PSB seriam colocadas na mesa para que os aliados possam dar suas opiniões.


Se seu governo será assim, não se sabe. Mas as costuras que vem fazendo desde que assumiu sua candidatura ao governo mostram uma flexibilidade da qual o mercado político estava desacostumado. Afinal, depois de oito anos vivendo sob a batuta de Paulo Hartung e com uma reviravolta imposta de forma brutal, os partidos políticos ficaram desconfiados. Agora, Casagrande deixa as forças políticas à vontade para acalmar os ânimos e reconstruir elos quebrados.



P.S. O presente artigo foi publicado em www.seculodiario.com.br no dia 14 de Maio de 2010.



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