quarta-feira, 14 de abril de 2010

Os políticos e o risco da generalização

Muitas vezes julgamos as pessoas e suas atividades, decretando de pronto: "o que há de pior na sociedade são os políticos!". Em alguns casos isso é verdade, mas definitivamente essa não é a regra.

A atividade política é fundamental para o processo de transformação e avanços econômicos e sociais, visto ser a oportunidade que temos para expressar e projetar nossas idéias. Não raro, de forma impensada emitimos opiniões focando apenas questões de momento, circunstanciais, sem medir as conseqüências.

Isso ocorre quando criticamos a própria existência da política; mas, o que seria de nós cidadãos sem ela? Sua ausência é inimaginável e, apesar de óbvio, vale dizer que não é pelo simples fato de exercer tal atividade que o homem ou a mulher se corrompem ou que isso ocorra com todos aqueles que dela participam.      

De certo que há diversos fatores causadores do descrédito político constatado em nosso país, tais como: a existência de pessoas que participam da atividade política e que são corruptas ou mesmo incompetentes; a ausência de instrumentos ágeis e contundentes contra a corrupção ou administrações públicas ineficientes; a crítica opositora sem fundamento e na base do "quanto pior melhor"; dentre outros.

Contudo, devemos ter em mente que o acesso à política é livre. Quem quiser dela participar, atendidos os critérios previstos na legislação, pode assim proceder, desde que tenha propostas melhores às atualmente disponíveis para apresentar à sociedade e se filie a alguma agremiação partidária, com a qual se identifique ideologicamente.

De forma idêntica, pode-se dizer em relação aos métodos políticos atualmente empregados, pois participando da política podemos corrigi-los ou, ao menos, colaborar com pequenos avanços, um passo adiante na busca pela perfeição do sistema como um todo. Alguns podem até pensar que essas propostas são ingênuas, eis haver mecanismos suficientemente poderosos para impedir o livre confronto de idéias e propostas, além da dificuldade de concorrência eleitoral justa.

Essas dificuldades não são suficientes para impedir a participação do cidadão vocacionado, pelo contrário, é mais uma boa razão para se participar da atividade política propondo mudanças e buscando fazer a diferença.

Aqueles que votam têm responsabilidades a assumir, por quem ajuda a eleger, pois é por meio da seleção das várias ofertas que o mercado político nos proporciona que serão escolhidos nossos representantes.

Portanto, sinceramente acredito que a atividade política em nosso país é exercida por homens e mulheres sérios e honestos em sua grande maioria, sendo que deveríamos reavaliar alguns conceitos e principalmente não recorrer à crítica despropositada e indiscriminada contra tudo o que seja do meio político que muitas vezes não só o cidadão anônimo faz, como também até mesmo alguns "formadores de opiniões".

Da mesma forma que existem os maus políticos, também há pessoas que exercem outras atividades de forma equivocada e descomprometida com valores morais e princípios éticos. Isso talvez faça parte da sociedade complexa e plural.

Em última análise, o que não devemos fazer é ficarmos limitados às críticas contínuas e indiscriminadas e, o que é pior, sem qualquer proposta, porque assim nos tornamos parte do problema e não da solução.

 

Samir Furtado Nemer é advogado com MBA em Direito Tributário(FGV) e Secretário Adjunto da Comissão de precatórios da OAB/ES.


P.S.: Artigo publicado no Jornal A Tribuna em 01 de Abril de 2010.

 


 

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