Por Lindomar Gomes
É administrador e presidente do Conselho Municipal de Juventude da Serra (CMJ).
Pode parecer utopia, até porque os últimos acontecimentos políticos dos quais estamos tendo conhecimento, reforça ainda mais a tese de que uma nova política seja uma utopia. Mas para que possamos efetivamente termos uma nova política é extremamente necessário que tenhamos a convicção de que precisamos quebrar alguns paradigmas.
Hoje, e quase sempre, o nosso sistema político passa uma enorme crise de credibilidade e que coloca em “cheque a existência” do político sério e honesto. Contudo, mesmo que pareça impossível, é admissível a sua existência, pois se temos médicos éticos e antiéticos, contadores honestos e desonestos, engenheiros éticos e antiéticos, pedreiros honestos e desonestos, porque não termos políticos honestos e desonestos, éticos e antiéticos?!
Volta e meia, podemos perceber que em qualquer roda de conversa, ouvimos teses e mais teses do por que nossa política é um deposito de corrupção e de interesses escusos, entre outras mazelas de nossa sociedade. Algumas destas teses se baseiam em dizer que todos os políticos são iguais, em que todos só pensam em aumentar o próprio patrimônio, que só querem vida mansa e etc. Existe uma tese mais otimista, a de que precisamos urgentemente fazer uma reforma política digna e decente. Mas o que de fato seria essa reforma digna e decente, em que iremos mudar as regras do jogo, mas com os mesmos jogadores? O que talvez seja ainda pior é que a mentalidade de quem “elege” esses jogadores também não muda, pensam da mesma forma, e não se avança além das “roda de conversa”.
Vale ressaltar que os políticos são seres humanos como eu, você, seu pai, sua mãe, irmãos, irmãs, colegas e amigos, e que eles estão ocupando um espaço que pode ser ocupado por qualquer um de nós.
É óbvio que esta não é uma reflexão tão fácil de se fazer, quando levamos em consideração o afã do poder e o que vimos nos últimos anos: dinheiro em malas, dinheiro na meia, dinheiro na bolsa, dinheiro na cueca; vimos até o despautério de conhecer a oração de agradecimento por dinheiro ilícito em Brasília. Mas, a reflexão que propomos é a de que nós devemos sair da zona de coadjuvantes da política (o que de fato nunca o somos!) e passemos a ser os protagonistas conscientes. Somos nós que elegemos e deixamos de eleger nossos representantes, sejam eles bons ou ruins.
Portanto, temos a missão de reverter essa tendência de que a política é um depósito de coisas ruins e nada melhor que um ano eleitoral como esse para nos ajudar a refletir e nos provocar a sermos em fim protagonistas nesse cenário, e pensar a política além do voto, sentindo-a dia-a-dia, nos preços, na boa educação, na boa saúde e tudo mais que como seres humanos e cidadãos, temos direto.
Para quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir, lá na curva do futuro, já é possível pressentir que vem chegando o fim daquela política de grupos que busca apenas o interesse de uma categoria. A ecologia planetária e as graves mazelas éticas e sociológicas que ora enfrentamos, nos contrapõe a era (ou a hora) da política da sinergia, que busca uma convergência entre governo, iniciativa privada e cidadãos.
O artigo foi publicado na Revista Zênite – Ano 6/Edição 19/n 01
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