quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ética e Moral

ÉTICA E MORAL
(FONTE: Revista Ecoando, março/2010)

Olhando a realidade

É comum encontrar nas conversas entre as pessoas a preocupação com as questões éticas e morais. Todo o mundo está preocupado, e com razão, pois a ética e a moral dizem respeito ao agir humano, à ação, ao comportamento das pessoas consigo mesmas, com os outros e com o mundo.
Alguns ditos expressam bem essa preocupação: “Hoje as coisas mudaram, ninguém respeita ninguém”, “o mundo é apenas de alguns”, “pobre não tem vez nem voz”, “a nova geração não tem mais respeito”, “a política está uma vergonha, são um bando de ladrões”, “o homem está acabando com a natureza”, “fulano é imoral”, “tal profissional não tem ética nenhuma”...
Vê-se todos os dias nos noticiários da televisão, nos jornais e revistas, nas ruas e no dia a dia a necessidade de considerar e pôr em prática algumas ações e modos de vida que permitam às pessoas viver mais plenamente.
Conclusão: ético e moral não são coisas distantes da vida, mas dizem respeito a todas as pessoas e suas relações. Assim como o ar, ética e moral envolvem a nossa vida mesmo que não tenhamos consciência dessas palavras.

Ética e moral: semelhança e diferença.
Ambas se referem ao agir, ao caráter, aos costumes e ao modo de viver das pessoas.
Desse ponto de vista, ética e moral podem ser consideradas uma mesma coisa. Esse modo de pensar é o mais comum e é o que prevalece entre as pessoas, o que não significa que seja uma visão errada. Por quê?
Porque, na origem, o significado das duas palavras é o mesmo, refere-se à mesma realidade. Etica é uma palavra de origem grega. Moral é uma palavra de origem latina. Aquilo que se diz ética, em grego, em latim se diz moral. Vejamos isso mais de perto para entendermos.
A palavra ética vem do grego ethos, que significa modo de ser, caráter, comportamento. A palavra ética (no grego, ethos), traduzida para o latim, torna-se moral(mos, mores), que significa costumes, modos de vida. Assim, na sua origem etimológica, ética e moral são sinônimas. Elas dizem respeito ao modo de viver das pessoas, seu caráter, seu comportamento e sas relações.
A moral está ligada à prática concreta, enquanto a ética é uma reflexão teórica sobre a vida moral. Essa maneira de entender é própria dos estudiosos dos fenômenos éticos e morais. Contudo, não são todos os que se preocupam com a distinção entre ético e moral. Para muitos, essa questão é simplesmente acadêmica (intelectual), sem muita importância.
Os que preferem estabelecer a diferença entre ética e moral dizem: cada grupo humano, cada sociedade, cada cultura, cada povo desenvolve, ao longo da sua história, seus costumes, sua maneira de relacionamento uns com os outros, suas leis, suas normas de conduta (certo ou errado), seus objetivos, seus valores. Enfim, cada grupo humano constrói seus costumes, sua moral.
Resumindo: a moral é o modo de vida, os comportamentos, valores, leis e costumes concretos de um grupo humano; a ética, por outro lado, é a reflexão, o estudo sobre esses modos de vida, comportamentos, valores e referências morais, buscando perceber sua validade, seus alcances e limites. A ética seria uma reflexão sobre o agir moral.
É por isso que hoje se usa mais a palavra ética do que moral, porque a sociedade percebe a necessidade de considerar e analisar o modo de vida das pessoas na atualidade, o qual a cada dia se modifica, apresentando inúmeros desafios à convivência e às relações não só dentro de determinado grupo moral, mas entre os vários grupos.

E a política?
A política, como processo permanente de educação para a cidadania, é chamada a ajudar os cidadãos a refletir sobre os comportamentos, costumes, valores e escolhas que eles e a sociedade constroem e abraçam. A política ajuda as pessoas a “tomar consciência”, a não se transformarem robôs, mas abraçar um modo de vida com consciência, liberdade e responsabilidade. A reflexão ética ajudará as pessoas a viver a sua cidadania não por obrigação, não como um peso ou sem saber o porquê, mas com maturidade. Isso acontece quando deixamos o simples cumprimento da lei para viver o seu espírito. Assim, não vivemos os valores morais porque são impostos, mas porque temos consciência de sua importância e significado para a vida. E a reflexão ética que ajudará a discer nir os valores morais. Política sem reflexão se torna moralismo.
Por outro lado, não basta a reflexão, o conhecimento, a consciência da ética. Se conhecimento bastasse, o mundo seria melhor, pois hoje temos muitos livros e falatório sobre tudo isso. Livros de política, de religião, de espiritualidade, de ética, programas de televisão e radio não faltam. Nem damos conta do que é produzido e divulgado. Quanta reflexão! Quanto papel!
A regra de ouro da política precisa ser mantida: cidadania e vida. A política precisa não só falar sobre partilha, mas criar gestos concretos para que os cidadãos exercitem a partilha. Não basta falar de solidariedade, é preciso exercitar gestos de solidariedade. Valores conhecidos não são necessariamente valores vividos. Na política, a vivência da cidadania precede a reflexão sobre a cidadania. Política não é um conjunto de ideias, simples reflexão bem elaborada. Política são pessoas reais, que nos ensinam a viver. A política sem vivência é vazia. A política dos primeiros tempos era assim: aprendia-se a viver como cidadãos. Ainda hoje corremos o risco de refletir muito e viver pouco. É o perigo que o PSB enfrenta ao compor o Projeto Espírito Santo, quando alguns acreditam que é o muito saber sobre o projeto (heresia do gnosticismo = conhecimento) que os levará à plena cidadania. A isso o PSB responde, insistindo na “vivência” da cidadania, pois cidadania é vida (não uma ideia, um conhecimento). E quem vive permanece cidadão.

fraterais abraços CARLOS MAGNO CAPRINI

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